Abel leva Palmeiras a nova final e prova ser "destinado a fazer história" por suas convicções

Técnico português conduz Verdão a mais uma decisão de Libertadores e não abre mão de seu plano, mesmo quando o Atlético-MG abriu vantagem

Abel Ferreira chegou ao Mineirão já demonstrando incômodo com as críticas que o Palmeiras recebeu na primeira semifinal da Libertadores. Ao ser perguntado sobre o confronto com o Atlético-MG, o atual campeão do torneio definiu que "o destino deste elenco e treinador é fazer história".

Após o empate em 1 a 1, nesta terça-feira, a frase se provou. Afinal, a comissão técnica do português e os jogadores levarão o Verdão para sua segunda decisão consecutiva de Libertadores, à espera do vencedor do confronto entre Flamengo e Barcelona, do Equador.

A explosão depois da partida, resumida por ele como um recado a um "vizinho chato", reforçou a sensação de que Abel estava engasgado com as análises sobre sua equipe. E a classificação para mais uma final tem toda a marca do trabalho do treinador, goste ou não.

 

– O destino desta equipe e deste treinador é fazer história aqui no Brasil. Já fizemos, nunca ninguém tinha feito 3 a 0 lá no River, ganhamos o título 21 anos depois. (...) Passei dez anos para me tornar treinador. Respeito os jornalistas que falam o que estudaram, os ex-jogadores. As defesas ganham campeonatos e os ataques vencem jogos – disse Abel, na chegada ao estádio.

 

Na ida, o plano claramente era não sofrer gols em casa. O time jogou mal no Allianz Parque, pois produziu muito pouco com a bola, mas conseguiu o resultado desejado. O trabalho da comissão técnica nesta semana de intervalo foi fazer o Palmeiras não só se defender na volta.

O esquema usado no Mineirão, teoricamente, poderia parecer ainda mais defensivo, com três zagueiros, laterais que formavam uma linha com cinco defensores sem bola, além de um ataque móvel que dependia de lançamentos com Dudu e Rony.

Com a vantagem do gol qualificado como visitante, o Palmeiras criou uma situação confortável no jogo. Afinal, o Atlético-MG, com a torcida apoiando, encontrou muitas dificuldades no primeiro tempo para criar. As duas melhores chances saíram de erros individuais do Verdão, que apostava nas bolas longas para contra-atacar.

Após o intervalo, o time teve uma queda e lembrou o desempenho no Allianz, em que não conseguia sair da marcação alta do Galo. O castigo veio com o gol de Vargas, abrindo o placar em um cenário então que parecia clara a necessidade de abrir mão de um zagueiro e atacar mais.

A reação de Abel, porém, foi apenas de pedir concentração aos jogadores, sem mudar os planos, nem esquema. A primeira troca, que muitos torcedores devem ter questionado, provou mais uma vez como as convicções do português fizeram a diferença.

Quando Rony já não aguentava mais usar a velocidade como centroavante, o treinador lançou Gabriel Veron, mesmo tendo Wesley, Luiz Adriano e até Deyverson no banco de reservas – todos atacantes com mais minutos do que o camisa 27.

Então com o placar a seu favor, o Palmeiras passou quase 30 minutos apenas bloqueando os caminhos do Atlético-MG, que apesar do abafa fez Weverton trabalhar menos do que na primeira etapa. O time não perdeu a organização e mostrou força mental mais uma vez.

Ao fim do confronto e novamente na final, Abel Ferreira viu sua estratégia funcionar. Há quem possa achar que o time vive muito no limite, mas o treinador não tem medo de levar suas convicções ao extremo, como foi nesta terça.

O resultado é muito positivo, já que o técnico agora pode levar sua segunda Copa Libertadores e o terceiro título pelo Verdão, contando a Copa do Brasil. Tudo em menos de um ano de trabalho.

A classificação não foi plástica, nem vistosa, mas foi a cara do que é o Palmeiras de Abel Ferreira. Hoje uma das equipes mais copeiras da América do Sul.

fonte: GE

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