Médico brasileiro revela que morou nas ruas antes de se formar: superação
Sem dinheiro, ele conta que estudava sozinho em casa e lembra que era zombado por pessoas conhecidas.
Veja a história de superação do médico ginecologista e obstetra Domingos Costa e pense duas vezes antes de julgar um morador em situação de rua. Ele contou que foi sem-teto antes de se formar em Medicina, mas jamais desistiu do sonho.
Hoje, o maranhense é profissional da saúde do Hospital Geral de Tailândia (HGT), no nordeste paraense e virou símbolo de superação.
Natural do município de Monte Altos, no Maranhão, Domingos, contou como foi parar nas ruas, como sobreviveu e o que fez para conquistar o sonho de ser médico. Ele não esquece da infância, escrevendo no chão.
“Comecei tarde o meu caminho nos estudos. Aos 11 anos, aprendi a ler. Minha mãe foi até a quinta série; meu pai, analfabeto. Ainda na minha cidade, como era praticamente um vilarejo, estava longe de proporcionar uma condição boa para estudar. Eu rabiscava no chão, na areia, com um galho e ele [o avô] via isso, falou para o meu pai: ‘Esse menino precisa estudar!’. Foi então que passei a morar com o meu avô e estudei, de fato”.
O sonho de ser médico
Doutor Domingos, como gosta de ser chamado, conta que no posto de saúde onde costumava ir na infância ficava admirando os médicos que passavam com jaleco branco.
“Eu perguntava para a minha avó quem era aquele tal homem!? Ela dizia, é o médico da cidade. Eu achava bonito aquela roupa”, conta.
Começava ali a dedicação nos estudos para realizar o sonho de cursar Medicina.
“Depois que comecei a estudar, peguei gosto e nunca mais parei; cheguei ao ponto de pegar livros emprestados na biblioteca e estudar dia e noite em casa. Eu, com 15 anos, comecei a ministrar aulas para os jovens: português, redação e matemática. Com o dinheiro ao longo das aulas, aguardei um pouco para quando chegasse no tempo do vestibular, ter dinheiro para investir nos estudos fora da cidade”.
Como foi parar nas ruas
Aos 20 anos, ele se mudou para Goiânia para arriscar a sorte. Sem conseguir emprego e com o dinheiro acabando, só restou ao Domingos viver nas ruas.
“Foi neste momento que não tive saída e fui parar nas ruas da capital de Goiás. Passou um tempo. Com ajuda de algumas pessoas, que souberam da minha história, consegui sair das ruas”.
Aí ele foi para São Paulo em busca do grande sonho.
Na capital paulista, trabalhou enquanto cursava direto e engenharia elétrica, mas percebeu que não queria aquilo. Deixou para trás as duas graduações e entrou em Medicina.
A aprovação no vestibular
Em 2008, Aos 35 anos, Domingos foi aprovado em 26º lugar no vestibular da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Medicina.
Sem dinheiro, ele conta que estudava sozinho em casa e lembra que era zombado por pessoas conhecidas.
“Foi difícil acreditar na aprovação, por tudo que passei. As pessoas diziam que eu nunca iria chegar ao sonho. Riam da minha decisão e diziam que era uma ilusão e não um sonho. Eu disse a mim que este ano seria a última tentativa. Estudei, tive muita adversidade e hoje, graças a Deus, sou médico a serviço do Estado e dos meus usuários”, comemorou.
Fonte: Agência Pará
Via SNB